segunda-feira, 31 de março de 2025

Aqui novamente

 Para te dizer que jamais tive razão. E ainda hoje flashes de sorrisos invadem minha febre. Porque eu nunca soube construir de outra forma, e isso serviu apenas à poesia, esqueci a gramática e a ortografia em detrimento dela, empobreci e cortei minhas raízes. 


Tô aqui hoje pra dizer que, embora a poesia tenha livrado minha cara de um suicídio, não devo mais nada a ela, nem a você. Espero que você se sinta bem em saber que a poesia pode ser esquecida em um sebo no centro, ou servir de asilo num hotel sujo no centro oeste.


Eu nunca participei disso, você sabe. A poesia só me deu a mão pro abismo que é você. Tudo isso é a mesma coisa, olhando febril o céu azulado e sorrisos cortados por flashes de lucidez.


Te procuro na feira da Santa Cecília apenas pra te pedir, se posso finalmente ir embora. Eu não tenho mais problema em ficar sozinho, não consigo mais me esconder porque tudo está absolutamente claro. Estou longe de mais de tudo nesse espaço-você-poesia, estou cansado.