domingo, 12 de maio de 2024

quando despertei do nosso encontro, simultâneo ao movimento desordenado do entorno, forcei-me a dormir novamente. te encontrei semidesperta debaixo de uma manta e prosseguimos nosso ritual indolente a nivel quântico. em tal manhã de domingo desperto magnetizado, o arrepio que percorre meu corpo com o toque do vento macio me faz sorrir sem motivo. qualquer que seja a realidade firmada na terra, nada mais me importa além do espaço em que somos.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

As 5 e meia da manhã desembarquei no tietê, são Paulo me recebia com o mesmo mau humor de sempre, era uma manhã cinzenta e frenética e meu pensamento estava no sol atras de algumas nuvens. Quando desci na Santa Terezinha, me pareceu que um cenário inutilizado houvera sido montado as pressas para que eu entrasse em cena. Os primeiros raios de sol que venciam as nuvens faziam brilhar a poeira das obras enquanto os trabalhadores ali chegavam naquele sábado. Caminhar pela passarela me despertou a vertigem da euforia, o arrebatamento da felicidade planejada. Os pixos me remeteram a um desespero do qual fugi incessantemente por todos esses anos e que hoje ouso encarar de frente. O pequeno bosque me traz a vida todos os meninos que vendiam bala ou faziam malabares no farol e com os quais queimei a erva do tempo passante para me livrar do conflito eminente, tal bosque também me lembra a busca pelo Leprechaum a qual você empenhou forças sem pestanejar. E cruzo a avenida em frente à igreja, ato primeiro da possibilidade desperdiçada, enquanto um casamento coletivo enovela fios desconhecidos um no outro, prossigo. Na cafeteria, acaricio com a memória o balcão de mármore, fluxo de sabotagens com açúcar mascavo. Ali um café preto e parto. Pego embalo na avenida que acorda embriagada, algumas pessoas, carros, sinais de alerta. Tudo se edificou na solidez da posse e da negação do organismo, e eu estrangeiro em terra nativa, garimpo os últimos estímulos sensoriais da felicidade possível. Adentro o parque que refrigera as idéias, enquanto me movimento percebo que minhas pernas não toleram mais tanto vinho, carbono, andada. As pessoas passam, mas você certamente ainda não acordou para o ato que invariavelmente leva a apoteose. Te penso dormindo depois de solucionar os problemas de personagens reais da vida moderna, com delicadeza, sentimento e esperança, o problema é que você pegou no sono e não anotou em seu caderno, esquecendo tudo no dia seguinte. Portanto, nesse monólogo improvisado, justifica-se deixar me absorver pelo caos que reside no todo, assim me distraio e prossigo.