quinta-feira, 26 de junho de 2014

uma mulher entrou no ônibus

a mas linda que já vi na vida
nos instante em que seus olhos caíram em cima de mim
não pude mais respirar
olho pro horizonte
me distraio
ela se aproxima
respiro fundo
olho
são 7 e 52
ela me olha também
penso
porque
eu e meu complexo de inferioridade
não vale um estorvo
então ela tira um telefone do bolso
alguém diria ser um sinal
mas ela desce no próximo ponto
e desço um pouco além
tenho horário
e vou pro interior
durmo no carro
respiro
ando pelo calçadão
não quero observar
as grifes
mas é meu trabalho
paro e sorrio
forçadamente
neste momento poderia tomar um lexotan
poderia sair de mim
pra descomplicar
tiro um pão com queijo do papel alumínio
iluminando a cabeça
vou para outra cidade
desatento e farto
sem entender quem gosto
e arrependido
sem pretensão de convencer ninguém
com alguma grana
não vejo objetivo
desejo a morte
vou vivendo
longe
dentro
de cara
absurdamente descontente com tudo
num calor desgraçado
engolindo fuligem
sem gostar de pensar